Créditos: David Martins – Efronito
O trio amazonense D’Água Negra apresenta o EP de estreia “Erógena” em parceria com o selo Amplifica Records. Uma obra jazzy, soul, indie, com notas psicodélicas, ou melhor, “psicotrópicas”. Profunda, com sonoridade sofisticada e letras provocantes, D’Água Negra e Erógena têm a mesma essência: as águas escuras que destinguem um dos maiores rios do mundo, o Rio Negro. Foi a partir desse ecossistema que nasceu a inspiração para conceber, durante os meses de pandemia, as 4 faixas – dentre elas, a já divulgada Acopalices, sobre o apocalipse que Manaus viveu durante o auge do surto de Coronavírus – os 2 interludes e o manifesto.
Agora sob novo formato, o trio composto por Clariana Brandão Arruda, Bruno Barrozo Belchior e Melka, última a se juntar ao então duo, respondem, conjuntamente, pela assinatura de todas as composições do EP que refletem muito da génese da banda, profundamente vinculada ao rio que, não por acaso, foi escolhido para nomear o grupo. “D’Agua Negra é uma maneira de nos localizar, nos situar como um projeto nortista, do Amazonas e de Manaus, portanto, nada mais simbolico do que o Rio Negro para representar essa ideia de onde somos, daquilo que somos e do que expressamos em nosso trabalho”, contou Clariana.
Entender o rio, é entender o conceito que move o grupo. “Diferente do mar, que tem uma cor mais clara, possibilitando que se enxergue alem da sua superficie, o Rio Negro é escuro, impenetrável para os olhos. Inconscientemente ele é um símbolo que movimenta o imaginário coletivo das pessoas, especialmente daquelas que se relacionam com ele, de uma maneira muito profunda. Esse símbolo retrata, em grande medida, uma relação com o desconhecido, com o nada, com o vazio. Ao pular no Rio Negro você tem uma experiência ontologica com o nada, de esvaziamento. É preciso ter coragem de se entregar à vulnerabilidade para entrar nele”, explica Bruno.
O mesmo vale para o trabalho do trio, que reflete, em grande medida, um convite para a entrega absoluta, onde suas referências abraçam conceitos abstratos e místicos. Cercado de muitos sentidos e texturas que se expressam seja através das letras, que transitam entre poesia e conversas, como através da melodia, o EP Erógena é uma obra aberta, um convite para o mergulho e para as próprias interpretações. “Erogena nasceu nos pensamentos, num contexto de pandemia, durante o isolamento. Sobrevivemos a um período em que muitas sensações não podiam ser vividas, mas existiam e reverberam dentro da gente. Agora podemos colocar isso para fora e receber as interações que virão do público, revelando, provavelmente, outros sentidos”, reflete Melka.