Felipe Jordan acaba de lançar “Meu Mundo Todo”. Com duas faixas, ambas produzidas pelo baiano Leonardo Mendes, projeto reflete sobre a importância de se olhar no espelho e buscar, naquela imagem, um reflexo fiel, contundente e aliado àquela parte inegociável de quem somos.
“Em 2019, fui morar sozinho e comecei perceber a plenitude que há na experiência de se despir das expectativas que as outras pessoas, com quem convivemos, criam por nós. Acho que passamos muito tempo tentando cumprir esses anseios de amigos, familiares e cônjuges, deixando de viver muito das coisas que realmente gostaríamos, sabe? Nesse período, comecei a entender que dentro de mim existe um universo completo e iniciei as composições deste trabalho sob essa perspectiva de estar atento, olhando para mim mesmo e questionando tudo que falta e, também, tudo o que é demais. Acho importante, principalmente, a sensação de gostar do que se vê e a cada dia perceber uma pessoa ainda mais honesta consigo”, ressalta o artista.
Diferente de seus projetos anteriores, sempre guiados por beats e linhas eletrônicas, nesse EP o cantor surge com um tom confessional, íntimo e embalado por sonoridades mais orgânicas.
“Giovani Cidreira, Pedro Pondé e Belchior são influências musicais que me emocionam gratuitamente e me faz ter vontade de produzir as minhas coisas. Mas, artisticamente, tenho influências em diversas áreas, como João Ubaldo Ribeiro, na literatura, Ingmar Bergman, no cinema, e Basquiat e Caravaggio nas artes visuais”.
Logo na abertura do registro, a faixa-título traz uma letra que tem a primeira pessoa retratando-se. Estabelecendo quem ela é, o que ela gosta, o que não gosta e o que prefere. “A princípio é o que poderíamos chamar de música romântica, mas eu acho que o artifício romântico é uma isca para elaborar uma investigação introspectiva. Nessa, incorporamos a sanfona de Lívia Matos que deu charme e movimento pra canção.
Na sequência, “Onde vou terminar?” conta com a participação especial de Yaniel Matos no violoncelo. “Essa carrega um clima biográfico. Também trato de um personagem que se escrutina, que se investiga, que dá uma olhada no passado, gosta do que vê e que tem curiosidade densa em relação ao futuro”.