Primeiro single da cantora e compositora, “Água doce” traz um Pará encantado e a mitologia do boto com protagonismo feminino .

A lenda do boto permanece viva, mas com a força feminina como protagonista no novo clipe que Aíla apresenta hoje, dia 30. O filme acompanha o lançamento de “Água Doce”, primeiro single que a cantora e compositora disponibiliza do seu terceiro álbum de estúdio, com lançamento previsto para maio. Nas cenas rodadas na Ilha das Onças, no interior do Pará, Aíla imerge nas águas da sua terra trazendo consigo ritmos vibrantes e periféricos do Norte.
O resultado é um zouk love gostoso, daqueles pra dançar de olhos fechados, com grande apelo pop e extremamente sedutor. A faixa foi produzida por Aíla ao lado da multi-instrumentista baiana Aline Falcão e Will Love, dj e produtor de tecnobrega. A composição também é assinada por Aíla e Aline em parceria com Roberta Carvalho e Neila Kadhí. Uma prova da conexão total entre Pará e Bahia com células do carimbó, guitarras molhadas e as mil cores e luzes do som que nasce na Amazônia.
“É uma música que fala de encanto, fascínio, mistério. Eu não conheço um ritmo mais charmoso do que o zouk. Ele é a cara do Pará, e vem dessa conexão quente e vibrante que temos com os sons da América Central, principalmente do Caribe”, diz a artista.
“Este é um single que abre caminho para o novo álbum e foi muitíssimo especial ter iniciado a imersão desse processo estando em Belém. O coração bateu forte por gravar o clipe aqui, com uma equipe de conterrâneos arrasadores. Meu novo trabalho vai flertar com os sons vibrantes, dançantes e populares, que vêm das periferias da Amazônia e que tem tudo a ver com minha origem”, adianta.
Sobre a narrativa do clipe, e a ideia da mitologia invertida, Aíla conta: “As lendas da Amazônia são uma fonte riquíssima de conhecimento, mas não podemos esquecer que pode mascarar ou justificar comportamentos sociais. Um cara que sai do rio, conquistador, galã, que engravida as mulheres e depois as abandona. Por esse motivo, este conto é tão utilizado para justificar gravidez de mãe solteira pelos interiores do Norte. Sempre me perguntei até que ponto isso não servia para mascarar violências”.
Aíla, o diretor Vitor Nunes e a artista visual Roberta Carvalho montaram um núcleo criativo e pensaram em inverter a narrativa dessa lenda, colocando como protagonista uma mulher. “E ainda mais…uma bota lésbica, que nasce nos rios da Amazônia, nas águas marrons, no ‘Pará-íso’ e transborda paixão, encanta corações, e leva esse misticismo com outro olhar”, explica Aíla.