De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública do ano de 2021, 110 crianças e jovens com menos de 14 anos são estuprados no Brasil, por dia. Na pesquisa do Datafolha também mostra que um terço da população foi vítima de situações de agressão ou violência sexual. E apenas 11% denunciam. Em dados mais recentes, da Secretaria Estadual de Saúde em 2022, foi levantado que 70% desses abusos, as vítimas são do sexo feminino. Para dialogar com essas mulheres, através da campanha de proteção à criança, Ninguém Mexe Comigo, Bruna Caram se junta com as cantoras Thalma de Freitas e Nina Oliveira para uma ação de conscientização e apoio para as sobreviventes na música encorajadora “Eu Sobrevivi”. O clipe com participação de mulheres que aderiram a causa nas redes sociais.
Em 2020, Paola Bellucci criou a campanha Ninguém Mexe Comigo e firmou parceria com a Cor e Voz, Instituto de Voz, Arte e Comunicação, que Bruna Caram é sócia junto com Ana Terra Pompeu. Assim, surgiu o convite para compôr e cantar a música tema alertando crianças e adolescentes sobre o abuso infantil e como agir caso aconteça. Os resultados foram imediatos com participação popular em diversos vídeos de profissionais cantando, prêmios internacionais, apoio da TV Cultura, clipe com mais de 30 artistas como Marcelo Jeneci, Cássio Scapin, entre outros; e o principal, histórias que através da música, meninas e meninos, tinham reconhecido já ter vivido o abuso e contaram para as famílias e docentes.
Enquanto a faixa título receberá vídeo animado e tradução em quatro idiomas diferentes: japonês, inglês, francês e alemão (além da primeira versão em português), foi conversado e decidido entrar com outra ação para focar também nas (os) sobreviventes.
A faixa “Eu Sobrevivi” vem para falar com todas as pessoas que passaram por abuso na infância e combater mais uma frente do abuso, que é o silêncio que remete a culpa e muitas vezes leva a vários sintomas que comprometem a vida social, afetiva e psíquica do indivíduo.
“Se quebramos o pacto de silêncio é possível encontrar outras pessoas que sofreram o mesmo e entender que a culpa nunca é da vítima. E assim, denunciar e levar a culpa ao verdadeiro culpado! O abusador costuma ter outras vítimas, então esse ato, com certeza protegerá outras pessoas e a nova geração “, comenta Bruna.
Para escrever a letra, Bruna ouviu os relatos das colaboradoras da campanha que contaram como tinham sido a sua experiência, os depoimentos marcantes fizeram com que a artista tomasse cuidado ao falar sobre o assunto.
“Eu começo a música quase pedindo licença com o verso ‘As canções sozinhas não resolvem cicatrizes, acontece que cantar nos faz mais fortes e mais felizes’. Eu sei que a música não vai resolver o seu problema, mas a música pode deixar a gente mais forte.” conta a cantora e compositora.
O quarteto de cordas feito por Alice Bevilaqua é acompanhado pelas vozes de Thalma de Freitas e Nina Oliveira sincronizadas com a de Bruna, trazendo uma sensação de união que é reforçada na letra, porque ninguém está sozinho. As cantoras também inovam no uso da palavra “vítima” (que realmente são) para “sobreviventes” que é visto no refrão: “Não vou me silenciar nem mais um segundo. Vou gritar para o mundo que eu sobrevivi”.
A ideia é que essas pessoas possam se tornar resilientes e sintam orgulho de ter sobrevivido, e principalmente, da coragem de quebrar esse pacto e procurar outras pessoas com histórias parecidas e ressignificar essa história após denunciar o suspeito. A importância desse ato é o ciclo que pode gerar até que as próximas gerações não precisem mais lidar com isso.
A produção musical é assinada em coletivo por Thalma de Freitas, Paulo Novaes, Bruna Caram e Vini Merola. A responsável pelo arranjo de cordas é a Alice Bevilaqua, já as vozes são de Thalma de Freitas, Nina Oliveira e Bruna Caram, que também é a compositora.
Ninguém Mexe Comigo é uma campanha de combate à violência sexual contra Crianças e Adolescentes criada pela sobrevivente Paola Bellucci. Com a música título, escrita por Bruna Caram, já receberam o Prêmio Nacional de Direitos Humanos e o Prêmio Da Vinci da Universidade Soka por Contribuição Social. Para apoiar, você pode ajudar através do financiamento coletivo: https://apoia.se/