Álbum de RAP faz retrospectiva da pandemia no Brasil com crônicas sobre negacionismo, desigualdade e isolamento.
O cantor e compositor CIRIO, de Porto Alegre (RS) acaba de lançar o seu novo álbum “RIMAS BÉLICAS DE ÁLCOOL GEL”, trabalho que marca uma nova fase de sua carreira, somente com músicas de rap e trap, porém sem deixar de lado a letra afiada presente em singles anteriores como “A Culpa é da ONG, Talkey?” e “Censura”. O novo trabalho faz uma retrospectiva dos quase 2 anos de pandemia com rimas que misturam vivências pessoais com críticas políticas e crônicas sobre a desigualdade, o negacionismo e o isolamento social no Brasil.
A maioria das músicas foi composta em 2020 e fez parte do quadro “Cantadas Crônicas”, do canal CIRIO TV no YouTube, pelo qual o cantor reflete sobre assuntos atuais por meio de canções inéditas. “Era para ser um projeto de retrospectivas musicais, conteúdo que costumo trazer para o meu canal, contudo, a partir de março a pandemia estourou e eu me vi fazendo um álbum denso de
protesto.”, explica CIRIO sobre o processo criativo.
As letras das músicas “Cultura do Cancelamento (Fevereiro 2020)” e “Fique em Casa (Março 2020)”, inclusive, evidenciam essa mudança de rumo do projeto, apresentando, em tempo real de lançamentos, uma transição natural entre o “velho” e o “novo normal”, cada vez mais caótico, triste e agressivo. O disco, conforme o passar do tempo, vai ficando mais sombrio e irônico, refletindo o estado mental do autor em cada mês. “Consegui compor até julho. Depois disso precisei me afastar um pouco das notícias diárias. Aquilo estava realmente me fazendo
mal.”, conta CIRIO, que voltou aos trabalhos em dezembro do mesmo ano, com a Retrospectiva 2020, música que resume a essência do trabalho. Com o objetivo de registrar o pior período da nossa história moderna, que já
resultou na morte de 600 mil brasileiros, o compositor escreveu, gravou e lançou, mês a mês, 8 faixas em 2020, incluindo “Cloroquina (Efeito Colateral)”, lançada também nas plataformas de streaming ainda em 2020.
Em 2021, CIRIO somou ao projeto duas canções inéditas, “Quadrilha da Vacina” e “Rimas Bélicas de Álcool Gel”. As faixas abordam a pandemia no Brasil e as suas consequências e repercussões na CPI da Covid, que aponta crimes de corrupção e de responsabilidade envolvendo Bolsonaro, apoiadores e membros do governo.
Além de escrever sobre os principais acontecimentos do Brasil, em suas letras, CIRIO também cita ou faz referências diretas a políticos, artistas, celebridades e até frases e memes que marcaram a época. Um exemplo está na faixa-título que rima “O Brasil tá lascado”, do ex-BBB Gil do Vigor, com “o gado tá pulando na piscina de ratos”, em referência à música “O tempo não para”, de Cazuza, uma das influências de CIRIO como compositor. Na mesma canção, também consta a rima “Todo mundo na BAD, todo mundo na BED. Tratamento precoce era não ter apertado 17″, evidenciando a revolta e o grande descontentamento do cantor com o atual governo. “Infelizmente, sobreviver no Brasil é um ato político. Fascistas e negacionistas precisam ser responsabilizados e punidos. Contra o obscurantismo, arte é obrigatória!”, afirma CIRIO.