Dada a natureza de sua formação, com integrantes de 4 diferentes nacionalidades, Monoswezi é um coletivo musical em constante evolução. “Shanu” reforça essa caracter-ística ao incorporar elementos eletrônicos à bagagem de jazz nórdico do grupo. “Shanu”, o título do novo álbum, significa simplesmente “cinco” na língua Shona do Zimbábue, país da vocalista e instrumentista Hope Masike. Este álbum é sem dúvida o mais aventureiro dentro da discografia do coletivo, incorporando elementos eletrônicos pouco usuais ao seu som.
A novidade está na utilização do (órgão) Mellotron pelo compositor e multi-instrumentista Hallvard Godal, que queria aproveitar o potencial do instrumento acrescentando mais harmonias e cor ao som do Monoswezi. Nas palavras de Hallvard: “Eu já havia tocado harmônica Indiana em composições anteriores mas estava à procura de algo mais exuberante, menos característico, mantendo ao mesmo tempo a sensação acústica, e o Mellotron tinha isso”.
O nome Monoswezi é uma contração das quatro nacionalidades dos membros fundadores: Moçambique (Mo), Noruega (No), Suécia (Swe) e Zimbábue (Zi). A influência de cada cultura é audível na discografia do coletivo, uma alternativa para os ouvidos cansados das fusões cosmét-icas e artificiais da World Music.
O Monoswezi mergulha em águas internacionais para fundir um encontro musical bem pensado, verdadeiro e bem executado. Como os integrantes do coletivo vivem em três países (Noruega, Suécia e Zimbábue), o encontro é uma ocasião rara. O tempo de estúdio é precioso e a experi-mentação, a ordem do dia. Embora não seja convencional, este método de trabalho imprime à música do coletivo uma leveza, onde a criatividade pode ser ouvida.
A música do Monoswezi não é excessivamente pensada ou pretensiosa e as 9 faixas de “Shanu” comprovam que evoluíram na forma típica de um coletivo, permitindo que ideias se material-izassem sob o impulso do momento, em vez de tentar alcançar um conceito. Como disse Hallvard, “Quando componho, o processo não é pré-definido. Brinco com ideias e coisas difer-entes para desenvolvê-las, depois levo-as para a banda e continuamos juntos”. A música africana continua a ser a inspiração central do Monoswezi. O processo de composição se baseia na bagagem musical de Hope Masike (Zimbábue) e Calu Tsemane (Moçambique) para ser adornada pela inclinação ao jazz nórdico do restante do coletivo.