O compositor da banda NÃ se assume como intérprete de suas próprias músicas, com uma sonoridade mistura tão conceitual quanto popular.
Reparo é a estreia solo de Micha, assinatura/apelido de Michel de Moura (guitarrista e compositor da Banda NÃ, e integrante dos projetos Sambabarbarismo, Acauã e Projeto da Mata) enquanto se assume como intérprete de suas próprias músicas.
A acidez já conhecida de suas composições se mostra mais suave, não tão óbvia e até surpreende com letras que versam sobre temas tão humanos quanto contraditórios, como o amor e a saudade. Um disco que a princípio soa conceitual, com suas ironias sobre os dias atuais e canções de amor nada clichês, mas com uma sonoridade que passeia com tranquilidade pelo popular, brega, moda de viola. Itamar Assumpção, Jards Macalé, Cátia de França, Belchior, Erasmo Carlos e Odair José são algumas das influências do artista que podem ser sentidas ao longo do álbum, produzido por Fernando Sanches e lançado pelo selo El Rocha Records.
O artista não hesitou em chamar um time de músicos de peso para participar dessa empreitada: Marco Nalesso (guitarra, viola e synth), Luis Felipe Lucena (baixo elétrico, violão e voz), Thiago Babalu (bateria), Renato Ribeiro (bandolim, guitarra e vibrafone), Rodrigo Ribeiro (trompete), Rafael Cirilos, (teclado e synth), Fernanda Broggi (voz), Julio Dreads (voz e teclado), Thiago Pereira (baixo acústico) formam a banda que o acompanha.
“Queria fazer uma música que fosse capaz de exercer uma empatia e um efeito de estranhamento, ao mesmo tempo. Um disco com influência do cinema de Cláudio Assis. Para isso, queria uma banda crua, livre, à vontade para criar, errar, consertar. Queria pessoas em confluência comigo quando digo que o artista é uma mentira. E que, ao mesmo tempo, topassem um disco com aspirações populares, música de rádio, música pra ser assoviada no metrô. Os temas versam sobre desejo, saudade, processo de fuga, livrar-se da culpa, remendo, cuidado, costura, conserto, arranjo, reforma de si e das relações, tudo desordenadamente junto. O resultado foi uma canção feita de um mel sujo e amargo, como gostaria Manoel de Barros.”, relata o cantor e compositor.
O álbum foi gravado no estúdio El Rocha /SP, entre janeiro e agosto de 2020. Produzido, mixado e masterizado por Fernando Sanches e acaba de ser lançado nas plataformas digitais.